sexta-feira, 5 de setembro de 2008

APRESENTAÇÃO



A “III Pesquisa Estadual de Saúde e Nutrição (III PESN-2006)” e o primeiro “Inquérito Estadual sobre Doenças Crônicas e Agravos não Transmissíveis: prevalência e fatores de risco” configuram um perfil de saúde e nutrição da população de crianças menores de cinco anos e de mulheres em idade reprodutiva e das doenças crônicas não transmissíveis relacionadas com os adultos de 25 anos e mais no estado de Pernambuco.
Os resultados da III PESN-2006 permitem atualizar e ampliar o diagnóstico da situação de saúde, nutrição, alimentação e condições socioeconômicas da população, com ênfase no grupo materno-infantil, tendo como base de comparação os dados das duas pesquisas anteriores, realizadas nos anos de 1991 e 1997, considerando dois espaços geoeconômicos: o Urbano (Região Metropolitana do Recife e Interior Urbano) e o Rural.
Por outro lado (e de forma pioneira), o Inquérito Estadual sobre Doenças Crônicas e Agravos não Transmissíveis visou estimar a prevalência e os fatores de risco na população adulta e avaliar as condições estruturais e funcionais dos serviços públicos de saúde concernentes às DANT, considerando os mesmos espaços geográficos da III PESN-2006.
No conjunto, os resultados permitem ainda, comparações com os achados de dois estudos nacionais importantes: a III Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (PNDS-2006) realizada pelo Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), apoiada e financiada pelo Departamento de Ciência e Tecnologia/Ministério da Saúde (Decit/MS), que retrata um quadro da população feminina em idade fértil e de crianças menores de cinco anos no Brasil; e o Inquérito Domiciliar sobre Comportamentos de Risco e Morbidade Referida de Doenças e Agravos não Transmissíveis realizado pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA) em cooperação com a Secretaria de Vigilância em Saúde/Ministério da Saúde (SVS/MS) entre 2002-2005, no Distrito Federal e em 15 capitais brasileiras, incluindo Recife. Além disso, os resultados do presente estudo poderão contribuir para a formulação de políticas e estratégias de ação no âmbito da saúde.

METODOLOGIA

População de estudo

  • Famílias com crianças menores de 5 anos, mulheres em idade reprodutiva, adultos com 25 anos e mais

Amostra

  • Amostra probabilística e aleatória com sorteio de municípios, setores censitários e domicílios
  • Representatividade estadual, urbano-rural
  • 1.311 domicílios
  • 1.650 crianças menores de 5 anos
  • 1.909 mulheres em idade reprodutiva (10–49 anos)
  • 1.822 adultos – homens e mulheres - com 25 anos e mais
  • 5.381 pessoas nos três grupos amostrais

Métodos de coleta

  • Entrevistas domiciliares (condições socioeconômicas, ambientais, inquéritos de morbidade referida, acesso aos serviços e ações específicas de saúde)
  • Coleta de amostras de sangue para dosagens de hemoglobina e vitamina A (crianças <>
  • Coleta de amostras de sangue para dosagem de glicemia, triglicerídeos, colesterol e frações (adultos ≥ 25 anos)
  • Aferição de pressão arterial (adultos ≥ 25 anos)
  • Medidas antropométricas (altura e peso de todos os moradores do domicílio) 

Condições Ambientais e Socioeconômicas


No estado de Pernambuco, 65% das famílias vivem em casas próprias ou em aquisição, as demais habitam imóveis alugados e cedidos, aproximadamente 17% em ambos os casos. Na maior parte dos domicílios, três ou mais pessoas dormem no mesmo cômodo o que representa uma condição desfavorável para a saúde. Comparado ao ano de 1997, o regime de ocupação das moradias praticamente não se alterou, enquanto aumentou a média de pessoas ocupando o mesmo cômodo de dormir.

 Existe ainda um déficit na rede de abastecimento de água da ordem de 20%. Essa condição retrata sobretudo a situação da zona rural, uma vez que nas áreas urbanas a cobertura dos domicílios pelos serviços públicos de distribuição deste insumo é de 97%. Na RMR o acesso à rede geral é praticamente universal, favorecendo 99% das famílias estudadas.

 Em relação aos esgotos sanitários, apesar dos avanços observados em relação ao ano de 1997, quando a cobertura era de 30%, o déficit é ainda considerável: apenas metade das famílias dispõe de esgotos conectados à rede geral (50%), sendo essa ocorrência de 73% no interior urbano, 56% na RMR e 3% na zona rural.

 A distribuição de energia elétrica atinge quase todos os domicílios visitados (99%). O fogão a gás, a televisão e aparelhos de rádio e som são os bens de consumo mais accessíveis, presentes em mais de 80% dos domicílios visitados.

 Da população economicamente ativa de mais de 20 anos de idade, o percentual de pessoas que trabalham (48%) é apenas um pouco superior aquele dos que não trabalham ou se acham desempregados (40%). Esta distribuição, que inclui ainda mais 12% de aposentados, apresenta pequenas variações nos espaços geográficos pesquisados.

 Para o conjunto do Estado, menos de das pessoas ocupadas tem contrato de trabalho formalmente estabelecido (carteira profissional assinada). Sistematicamente, esta situação favorece aos homens, desde que apenas metade das mulheres em cada estrato geográfico tem carteira assinada.

 A condição de analfabetismo no Estado é ainda bastante elevada: considerando os maiores de 20 anos, 25% não sabem ler e escrever. Esta situação mais do que duplica no meio rural (57%).

 A distribuição entre gerações dos níveis de escolaridade demonstra que os grupos mais jovens se encontram numa situação incomparavelmente mais favorável, seja pela redução do analfabetismo (4% nos jovens de 15 a 19 anos), seja pelas vantagens em termos de anos de escolaridade formal. Entre aqueles que possuem nove anos ou mais de estudo, 43% se situam na faixa etária de 20 a 40 anos e 19% tem 40 anos e mais.

Saúde e Nutrição de Crianças


Assistência pré-natal

 A cobertura da assistência pré-natal, o número de consultas durante a gravidez e a assistência ao parto hospitalar relativos às crianças menores de 5 anos melhoraram consideravelmente no Estado de Pernambuco, entre 1997 e 2006, sobretudo na zona rural. A assistência pré-natal foi adotada por 96% das mães que viviam nas áreas urbanas da RMR e do Interior, com mais de três quartos das consultas iniciadas no 1o trimestre do período gestacional (79% e 78%, respectivamente). No meio rural, o percentual das que fizeram consultas no pré-natal em 2006 foi de 95% contra 64% em 1997, com 72% iniciando os exames nos primeiros três meses da gestação, o que representa um incremento de 48% nessa importante estratégia de assistência ao binômio mãe/filho.

 Apesar do aumento da freqüência e do número de consultas de pré-natal (69% dos casos com seis ou mais consultas), a orientação sobre o aleitamento materno manteve-se nos mesmos níveis anteriores (cerca de 85%), revelando as oportunidades perdidas neste aspecto, em função da cobertura praticamente universal da assistência durante a gravidez

 Assistência ao parto

 O parto hospitalar praticamente generalizou-se no Estado de Pernambuco, ocorrendo em 97% dos casos relativos às crianças menores de 5 anos estudadas. Em relação ao tipo de parto destas crianças, 66% foram normais, enquanto as intervenções cesarianas alcançaram 32%, com maiores percentuais no interior urbano (37%) e Região Metropolitana do Recife (35%). O médico foi o profissional mais freqüentemente responsável pela assistência ao parto (66%) seguido da parteira (17%) e do enfermeiro (13%). Ressalta-se uma elevação no percentual dos partos cesáreos na zona rural, praticamente duplicando de 12% para 23%, quando comparado ao ano de 1977.

 Peso ao nascer

O baixo peso ao nascer (menor que 2500g) atingiu 8,8% das crianças menores de cinco anos para todo o Estado, tendo o setor urbano do Interior apresentado o maior percentual (9,8%). O peso insuficiente (2500g a 3000g) teve uma prevalência de 17% no setor rural e de 20% no urbano, com a RMR registrando o mais elevado índice (22%).

 Aleitamento materno

 Considerando as crianças menores de cinco anos, 23% ainda mamavam no momento da pesquisa, sendo este percentual de 76% entre os menores de seis meses. A prevalência de aleitamento materno exclusivo entre os menores de seis meses foi de 41,4%, sendo quase o dobro da encontrada em 1997 (23,9%) e ligeiramente superior a da PNDS-2006 para o Brasil (39,8%).

 Apenas 5% das crianças nunca mamaram, contrastando com os resultados de 1997 quando esta ocorrência foi de 10%, o que representa um incremento significativo no aleitamento materno.

 Entre as causas alegadas para o desmame, 35% referiram a produção insuficiente de leite, com predominância para a zona rural (45%) e menor freqüência para a RMR (25%). A rejeição ao peito por parte dos lactentes foi a segunda justificativa para o desmame, seguindo-se a opção materna de interromper o aleitamento (28% e 14%, respectivamente).

 Diarréias

 A ocorrência de diarréias nas crianças menores de cinco anos nas últimas 24 horas anteriores à entrevista foi de 3% para todo o Estado, com um máximo de 5% para a zona rural e um mínimo de 1% na RMR. Em relação às últimas duas semanas, a freqüência referida do problema foi de 17% para o total da amostra, com os valores extremos de prevalência de 20% nas crianças do meio rural e interior urbano e de 10% na RMR. Nos casos de diarréias, mais de 70% das mães ou responsáveis pelas crianças realizaram algum tipo de tratamento, sendo os mais comuns a administração de soro caseiro (37%), soro de farmácia (27%), medicamentos específicos (27%), além da administração de sucos e chás.

 Infecção respiratória aguda

 Nos sete dias anteriores à entrevista, 52% das crianças apresentaram queixas de tosse, com maior incidência nas zonas urbanas. A combinação tosse + nariz entupido foi a manifestação clínica mais referida pelas mães (66%) seguindo-se as queixas de tosse + febre (39%). Os sintomas e sinais respiratórios resultaram no encaminhamento de 39% destas crianças para consultas.

 Anemia

 O quadro epidemiológico deste agravo melhorou substancialmente quando comparado às informações da pesquisa de 1997, quando atingia 47% das crianças menores de cinco anos. Neste estudo, a prevalência na mesma faixa etária foi de 33% em todo o Estado, o que representa uma redução de 30%. 

Considerando as áreas geográficas, o maior impacto foi observado na zona rural, com queda de 56% em 1997 para 37% em 2006. Em geral, os níveis de hemoglobina em crianças apresentam uma distribuição geográfica bem homogênea, com valores médios em torno de 11,4 g/dL para os diferentes espaços geográficos

 No que diz respeito à idade, as maiores prevalências de anemia foram encontradas na faixa etária de 6 a 23 meses de idade (47%) e as menores nas crianças de 24 a 59 meses de idade (20%), com percentuais próximos nas três áreas estudadas.

 Estado nutricional

 O estado nutricional das crianças menores de cinco anos melhorou substancialmente em relação à última pesquisa estadual (1997), desde que a desnutrição cumulativa, expressa pelo retardo estatural, baixou de 16% para 8% em todo o Estado, com redução equivalente de aproximadamente 50% para as três áreas geográficas. Essa redução foi semelhante à encontrada para o Brasil (50%) e inferior a observada para a Região Nordeste (67%) na Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (PNDS-2006).

 Do ponto de vista epidemiológico, na Região Metropolitana do Recife, pelos três indicadores antropométricos utilizados, peso/idade (3%) altura/idade (5%) e peso/altura (2%), o problema da desnutrição infantil encontra-se, praticamente, no limiar de controle (2,3%).

 Em escala populacional, a ocorrência de déficit na relação peso/altura e no Índice de Massa Corporal/idade (IMC) entre 1% e 3%, respectivamente, é compatível com os valores esperados para uma população normal, tendo como referência os padrões antropométricos internacionais. 

Ao mesmo tempo em que a prevalência da desnutrição pela relação peso/altura e pelo IMC/idade se situa próximo do padrão de normalidade, a ocorrência de excesso de peso apresenta-se comparativamente três a quatro vezes mais elevada nos três espaços geográficos estudados (entre 8% e 10%), evidenciando que o processo de transição epidemiológica vem atingindo, inclusive, a população de crianças. Esses resultados são semelhantes aos encontrados para o Brasil e Região Nordeste na PNDS-2006.

Comparando o estado nutricional de lactentes (menores de 24 meses) e de pré-escolares (24-59 meses), observa-se que as prevalências de déficit e de excesso foram similares para os quatro indicadores utilizados.

História Reprodutiva e Anemia de Mulheres


Vida reprodutiva

 A idade média da menarca nas mulheres estudadas foi de 12,8 anos para o Estado, praticamente sem variações entre os três estratos geográficos. A primeira gravidez ocorreu, em média, aos 19,9 anos de idade.

 Em relação à paridade, o número médio de filhos foi de 2,4 para o total da amostra, variando de 2 na RMR a 3,1 filhos no Interior Rural. A média de filhos vivos atualmente por mãe para o Estado foi de 2,3 sendo 2 na RMR, 2,3 no Interior Urbano e 2,9 no Interior Rural.

 O percentual de mulheres que referiram gravidez anterior ao momento da entrevista foi em torno de 80% nos três espaços geográficos estudados e, no que diz respeito à gestação atual, a prevalência no Estado foi de 4%. A assistência pré-natal à gravidez atual foi de 83% para o Estado como um todo, variando de 78% na RMR e no Interior Rural a 94% no Interior Urbano.

 Métodos anticoncepcionais

 O percentual de casos de mulheres em idade reprodutiva que evitavam a gravidez foi de 71% para o Estado, com 74% na RMR, 69% no Interior Urbano e 66% no Interior Rural.

 O método anticoncepcional mais utilizado foi o uso da pílula: 36% no Estado, com maior predominância no Interior Rural (47%). O segundo mais freqüente foi a laqueadura tubária (34% na RMR, 40% no Interior Urbano e 26% no Interior Rural). A utilização do preservativo (camisinha) foi referida por apenas 20% das mulheres do Estado e a prática de obediência à tabela foi muito baixa (1%).

 O uso do método anticoncepcional foi orientado por médico em 43% dos casos, mas grande parte das mulheres fez uso por conta própria (40%). A decisão de fazer a laqueadura, na maioria das vezes (57%), foi tomada pela própria mulher. Apenas 22% compartilharam da decisão com o companheiro, enquanto o maior percentual de aconselhamento médico aconteceu no Interior Rural (18%). No que diz respeito ao momento da realização da laqueadura, a maioria ocorreu na cesariana do último filho (56%), embora 44% tenha ocorrido deliberadamente, em cirurgia específica, principalmente no Interior Rural.

 Anemia

 A prevalência de anemia em mulheres em idade reprodutiva foi de 17%, sendo de 14% e 15% no Interior urbano e na zona rural respectivamente, enquanto na RMR a prevalência foi um pouco maior (21%). Estes resultados indicam uma diminuição média de prevalência de 30% em relação aos níveis encontrados em 1977 (24,5%).

Estado Nutricional e Condição de Saúde de Adultos


Estado nutricional

No que se refere ao estado nutricional, a prevalência do baixo peso (isto é, IMC abaixo de 18,5 kg/m2) ficou em torno do valor do padrão normativo (2%), alcançando percentuais mais elevados (7%) apenas nos indivíduos com idade entre 25 e 30 anos da RMR. Portanto, praticamente inexiste déficit pondero-estatural na população adulta. Na realidade, a conclusão mais importante é que o sobrepeso e a obesidade se confirmam como o grande desvio da situação nutricional da população adulta no Estado (homens 33% e 17% e mulheres 36% e 21%, respectivamente), a exemplo do que está acontecendo no Brasil como um todo. É particularmente preocupante a observação de que, depois dos 50 anos, 77% e 89% das mulheres, respectivamente, no Estado e no Interior urbano foram classificadas na condição de sobrepeso/obesidade.  

 Exposição ocupacional

Entre os adultos que exerciam alguma atividade de trabalho, 40% estavam expostos à algum tipo de fumaça ou ao fumo, e 61% a algum tipo de poeira.

Exposição e proteção solar

Observou-se uma exposição habitual excessiva (30 minutos ou mais) à luz solar, principalmente no meio rural, sem as medidas de proteção adequadas (chapéu, boné ou protetor solar).

Atividade física

Entre os adultos, a prática de caminhada, de atividade física moderada e vigorosa acima de 30 minutos em seis ou sete dias semanais atinge pelo menos 50% dos adultos. No entanto, esta prática é, muitas vezes, ligada às atividades de trabalho.

Hábitos alimentares

Constatou-se uma tendência clara à incorporação de novos hábitos alimentares com o objetivo de reduzir os riscos de doenças cardiovasculares, como a retirada da pele de frango (72%) e da gordura das carnes vermelhas (55%) e o cuidado de não colocar mais sal no prato na ocasião do consumo (74%). No entanto, para a grande maioria dos indivíduos, o consumo de legumes, frutas e verduras não ultrapassava 20% de freqüência diária, com exceção da amostra do Interior urbano (29%).

No que se refere à observação dos rótulos dos alimentos industrializados, o único cuidado efetivamente significativo refere-se à verificação do prazo de validade, considerado por 67% dos entrevistados na RMR e por apenas 39% no meio rural. Outros aspectos, como aditivos alimentares, valor nutricional e modo de conservação dos produtos, só raramente eram observados.

Tabagismo

Existe uma opinião já bem consolidada sobre os malefícios do cigarro e, concretamente, sobre a propriedade de medidas restritivas ao ato de fumar em restaurantes, escolas, ambiente de trabalho e hospitais. Entre 76% e 95% nos diversos estratos geográficos apóiam a proibição da prática do tabagismo nestes espaços.

Pouco mais de 20% dos adultos declararam que fumam, sendo importante acrescentar que 17% dos entrevistados informaram que fumavam, mas que haviam deixado este hábito. Trata-se, portanto, de uma mudança de comportamento positiva e promissora, em relação às perspectivas de controle do tabagismo.

No que diz respeito aos prováveis sintomas clínicos atribuíveis ao uso de cigarro, ressalta-se, muito ilustrativamente, que a ocorrência de tosse ou pigarro foi duas a três vezes mais freqüentes entre os fumantes que entre os não fumantes.

Dentre as pessoas que haviam deixado de fumar, 69% informaram o abandono do tabagismo há mais de 6 anos, das quais a grande maioria (44%) há mais de 10 anos, o que leva a supor que a decisão foi definitiva.

Alcoolismo

Um pouco mais de ⅓ dos adultos informaram a ingestão de bebidas alcoólicas nos últimos 30 dias, com maior prevalência na RMR (46%). Entre as respostas positivas, as doses de bebidas alcoólicas consumidas, na maior parte dos casos, variavam de 3 a 10 doses.

Condições funcionail e de saúde e assistência à saúde

Sensações de tristeza/depressão foram relatadas por 34% dos homens e 55% das mulheres, com prevalências bastante semelhantes em todos os espaços amostrais. Entre 71% e 74% dos entrevistados se consideravam em boas condições funcionais. Os demais se queixavam de algumas limitações e dificuldades como problemas de coluna, dor de cabeça, limitações de visão e depressão/ansiedade, além de outras manifestações de mal-estar.

Na opinião dos entrevistados, avaliando subjetivamente sua condição de saúde, 58% se sentiam saudáveis, com uma gradação de respostas que variava de 11% para os graus “excelente” e “muito bom”, a 47% na categoria de “bom”, enquanto apenas 7% consideravam sua condição de saúde como “ruim”. O padrão de respostas não apresenta diferenças significativas nos espaços geográficos do Estado.

No que se refere às especificações de doenças devidamente diagnosticadas por médicos, as referências mais comuns foram: hipertensão arterial (28%), ósteo-articulares (coluna, 19%), e depressão (11%).

Hipertensão arterial

É interessante observar que a grande maioria (mais de 90% dos adultos entrevistados) relatou que tivera sua pressão arterial aferida por médicos, enfermeiros ou agentes comunitários de saúde, e que a maioria foi examinada há menos de 6 meses, com percentuais similares nos três estratos amostrais.

A prevalência de hipertensão arterial, referida pelos entrevistados com base na aferição da pressão arterial por profissionais de saúde (médicos, enfermeiros e Agentes Comunitários de Saúde), alcançou 34%, entre os quais 3% ocorreu durante a gravidez, o que leva a conclusão de que a doença hipertensiva representa um importante problema de saúde coletiva em todo o Estado.

No tocante aos cuidados com o grupo de pessoas que tiveram sua condição de hipertensão arterial confirmada em duas consultas, 95% haviam recebido orientação para reduzir o sal nas preparações alimentares, enquanto três quartos receberam prescrições medicamentosas para controle do problema, porém cerca de 70% estavam usando remédio para este fim.

Colesterol

Pouco mais da metade das pessoas já haviam se submetido a exames bioquímicos para determinação dos níveis de colesterol sanguíneo, com ampla predominância dos adultos das áreas urbanas. Segundo suas informações, 12% apresentavam hipercolesterolemia, com um risco relativo quase três vezes maior na RMR (16%) em comparação com a amostra do meio rural (5%). A grande maioria dos casos (87%) havia recebido orientação de cuidados dietéticos, mas menos de 1/3 seguiam regularmente as instruções prescritas.

Ao se considerar as avaliações laboratoriais diretas e imediatas realizadas pelo inquérito de campo constata-se que 36% dos examinados apresentavam níveis de colesterol iguais ou acima de 200 mg/dL, caracterizando, assim uma situação de vulnerabilidade em função da hipercolesterolemia (16% com níveis ≥ 240mg/dL).

Triglicerídeos

Mais de 1/3 das pessoas no Estado (40%) fizeram determinações laboratoriais de triglicerídeos, na RMR 52% e apenas 19% na zona rural. Segundo os entrevistados, cerca de 5% apresentavam níveis elevados de triglicerídeos, com prevalência máxima de 8% na RMR e mínima de 2% na zona rural. A grande maioria dos casos foi orientada para observar cuidados dietoterápicos e, raramente (2% no Estado) tomavam medicação para controle de dislipidemia.

Os resultados das provas diretas efetuadas no presente inquérito são substancialmente superiores daqueles referidos, desde que 19% apresentavam valores aumentados de triglicerídeos (≥200mg/dL), enquanto 68% se encontravam na faixa aceitável (≤150mg/dl). Trata-se, portanto, da indicação de um problema emergente e muito preocupante.

Glicemia

A exemplo do colesterol, mais da metade das pessoas haviam realizado provas laboratoriais para avaliação de níveis glicêmicos. De forma análoga, 4% das pessoas tinham diagnóstico prévio de diabetes, enquanto os resultados do inquérito de campo revelaram uma prevalência de 16%. A maioria dos adultos previamente informados de sua condição de diabéticos havia sido orientada quanto à observância de cuidados dietéticos, no entanto apenas 37% seguiam as recomendações regularmente. Já nos casos de prescrições farmacológicas, o percentual de cumprimento do plano medicamentoso foi bem maior (68%).

Câncer de mama e colo

Mesmo na zona rural do Estado, mais da metade das mulheres (56%) declararam que haviam realizado auto-exame para detecção precoce de câncer de mama, sendo que a maioria declarou efetuar a verificação pelo menos uma vez por mês. Provas de imagens (mamografia) foram relatadas por 23% das mulheres na RMR e apenas 7% na zona rural.

No que se refere aos cuidados preventivos do câncer de colo de útero, a ocorrência foi bem mais significativa, atingindo 87% em nível estadual e chegando a 94% na RMR. A rede de serviços do Sistema Único de Saúde (SUS) foi o principal recurso utilizado para prover este atendimento. Cerca de 5% das mulheres haviam se submetido a intervenções cirúrgicas no aparelho reprodutivo, consistindo, a maioria dos casos, na remoção simultânea do útero e ovário.

Câncer de próstata

Em relação aos cuidados com o câncer de próstata em homens com 50 e mais anos de idade, apenas 24% dos pesquisados informaram que faziam um exame clínico anual para detecção de riscos correlatos, com maior prevalência (39%) na RMR e apenas 10% na amostra rural. Na sua grande maioria, os homens não se submetiam a exames exploratórios ou confirmatórios por considerá-los desnecessários.

Instituições Envolvidas


Instituições

- Departamento de Nutrição - DN/UFPE

- Instituto Materno Infantil de Pernambuco - IMIP

- Secretaria Estadual de Saúde - SES/PE

 

Instituição Executora

- Departamento de Nutrição - DN/UFPE

 

Coordenação Geral da Pesquisa

- Malaquias Batista Filho

- Pedro Israel Cabral de Lira


Pesquisadores

- Ana Amélia Corrêa de Araújo Veras

- Leopoldina Augusta de Souza Sequeira

- Malaquias Batista Filho

- Neide Kazue Sakugawa Shinohara

- Pedro Israel Cabral de Lira

- Sandra Regina Maia

- Sonia Lúcia Lucena Souza de Andrade

 Consultores

- Lis Almeida - INCA
- Sylvia de Azevedo Melo Romani – DN/UFPE

 

Coordenação de Campo

- Ana Amélia Corrêa de Araújo Veras - SES/PE

 

Supervisão de Campo

- Eliane Siqueira Campos Gonzalez

- Lúcia Helena Guimarães Rodrigues

- Rosete Bibiana de Melo

- Rosilda de Oliveira

 

Coordenação de Área

- Isaura de Albuquerque César – Fundaj

 

Equipe de campo

- Albanira Maria Alves

- Ana Ester de Araújo Veras

- Danielle Siqueira Campos Gonzalez

- Egline Galdino da Silva

- Hebe Jorge de Souza Cabral

- Hérica Patrícia Alves de Farias

- Juci da Silva Lima Filha

- Lidian Franci Batalha Santa Maria

- Liliane Bernardino de Andrade

- Maria Aldeci Moura dos Santos

- Maria da Conceição Mendes de Souza

- Maria Madalena do Nascimento

- Micheline Nogueira Barbosa

- Mônica Elizabeth Rocha do Nascimento

- Sandra Sandes de Holanda Cordeiro

- Sílvia Patrícia de Oliveira Silva

- Vanessa Sá Leal

- Vera Lúcia Conceição Dias

 

Entrada de dados

- Cícero Robério de Brito

- Danielle Siqueira Campos Gonzalez

- Gustavo Augusto de Souza Sequeira

- Lidian Franci Batalha Santa Maria

- Renato André Anastácio do Nascimento

- Maria Madalena do Nascimento

 

Processamento e análise dos dados

- Fabiana Cristina Lima da Silva Pastich Gonçalves

- Juliana Souza Oliveira

- Leopoldina Augusta de Souza Sequeira

- Malaquias Batista Filho

- Manoel Alexandre de Arruda Neto

- Pedro Israel Cabral de Lira

- Sandra Regina Maia

 

Financiamento

- CNPq – (Processos n° 505540/2004-5 e 501989/2005-4)

 Apoio

- Centro Colaborador em Alimentação e Nutrição Nordeste I (Cecan NE I/Cgpan/MS)

- Fundação Joaquim Nabuco de Pesquisa Sociais - Fundaj

- Secretaria Estadual de Saúde - SES/PE

 Agradecimentos

Às famílias participantes, às Secretarias de Saúde e profissionais de saúde, especialmente os Agentes Comunitários de Saúde dos Municípios participantes do estudo, ao pessoal de apoio (Jairo Heráclito da Silva Junior e Eduardo Galdino). Ao CNPq pelas Bolsas de Produtividade em Pesquisa dos Profs. Malaquias Batista Filho e Pedro Israel Cabral de Lira. 

Mais informações

Professor Pedro Israel Cabral 
(Depto. de Nutrição/UFPE)  
(81) 2126.8470
 
Secretaria Estadual de Saúde
(81) 3181.6471