sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Estado Nutricional e Condição de Saúde de Adultos


Estado nutricional

No que se refere ao estado nutricional, a prevalência do baixo peso (isto é, IMC abaixo de 18,5 kg/m2) ficou em torno do valor do padrão normativo (2%), alcançando percentuais mais elevados (7%) apenas nos indivíduos com idade entre 25 e 30 anos da RMR. Portanto, praticamente inexiste déficit pondero-estatural na população adulta. Na realidade, a conclusão mais importante é que o sobrepeso e a obesidade se confirmam como o grande desvio da situação nutricional da população adulta no Estado (homens 33% e 17% e mulheres 36% e 21%, respectivamente), a exemplo do que está acontecendo no Brasil como um todo. É particularmente preocupante a observação de que, depois dos 50 anos, 77% e 89% das mulheres, respectivamente, no Estado e no Interior urbano foram classificadas na condição de sobrepeso/obesidade.  

 Exposição ocupacional

Entre os adultos que exerciam alguma atividade de trabalho, 40% estavam expostos à algum tipo de fumaça ou ao fumo, e 61% a algum tipo de poeira.

Exposição e proteção solar

Observou-se uma exposição habitual excessiva (30 minutos ou mais) à luz solar, principalmente no meio rural, sem as medidas de proteção adequadas (chapéu, boné ou protetor solar).

Atividade física

Entre os adultos, a prática de caminhada, de atividade física moderada e vigorosa acima de 30 minutos em seis ou sete dias semanais atinge pelo menos 50% dos adultos. No entanto, esta prática é, muitas vezes, ligada às atividades de trabalho.

Hábitos alimentares

Constatou-se uma tendência clara à incorporação de novos hábitos alimentares com o objetivo de reduzir os riscos de doenças cardiovasculares, como a retirada da pele de frango (72%) e da gordura das carnes vermelhas (55%) e o cuidado de não colocar mais sal no prato na ocasião do consumo (74%). No entanto, para a grande maioria dos indivíduos, o consumo de legumes, frutas e verduras não ultrapassava 20% de freqüência diária, com exceção da amostra do Interior urbano (29%).

No que se refere à observação dos rótulos dos alimentos industrializados, o único cuidado efetivamente significativo refere-se à verificação do prazo de validade, considerado por 67% dos entrevistados na RMR e por apenas 39% no meio rural. Outros aspectos, como aditivos alimentares, valor nutricional e modo de conservação dos produtos, só raramente eram observados.

Tabagismo

Existe uma opinião já bem consolidada sobre os malefícios do cigarro e, concretamente, sobre a propriedade de medidas restritivas ao ato de fumar em restaurantes, escolas, ambiente de trabalho e hospitais. Entre 76% e 95% nos diversos estratos geográficos apóiam a proibição da prática do tabagismo nestes espaços.

Pouco mais de 20% dos adultos declararam que fumam, sendo importante acrescentar que 17% dos entrevistados informaram que fumavam, mas que haviam deixado este hábito. Trata-se, portanto, de uma mudança de comportamento positiva e promissora, em relação às perspectivas de controle do tabagismo.

No que diz respeito aos prováveis sintomas clínicos atribuíveis ao uso de cigarro, ressalta-se, muito ilustrativamente, que a ocorrência de tosse ou pigarro foi duas a três vezes mais freqüentes entre os fumantes que entre os não fumantes.

Dentre as pessoas que haviam deixado de fumar, 69% informaram o abandono do tabagismo há mais de 6 anos, das quais a grande maioria (44%) há mais de 10 anos, o que leva a supor que a decisão foi definitiva.

Alcoolismo

Um pouco mais de ⅓ dos adultos informaram a ingestão de bebidas alcoólicas nos últimos 30 dias, com maior prevalência na RMR (46%). Entre as respostas positivas, as doses de bebidas alcoólicas consumidas, na maior parte dos casos, variavam de 3 a 10 doses.

Condições funcionail e de saúde e assistência à saúde

Sensações de tristeza/depressão foram relatadas por 34% dos homens e 55% das mulheres, com prevalências bastante semelhantes em todos os espaços amostrais. Entre 71% e 74% dos entrevistados se consideravam em boas condições funcionais. Os demais se queixavam de algumas limitações e dificuldades como problemas de coluna, dor de cabeça, limitações de visão e depressão/ansiedade, além de outras manifestações de mal-estar.

Na opinião dos entrevistados, avaliando subjetivamente sua condição de saúde, 58% se sentiam saudáveis, com uma gradação de respostas que variava de 11% para os graus “excelente” e “muito bom”, a 47% na categoria de “bom”, enquanto apenas 7% consideravam sua condição de saúde como “ruim”. O padrão de respostas não apresenta diferenças significativas nos espaços geográficos do Estado.

No que se refere às especificações de doenças devidamente diagnosticadas por médicos, as referências mais comuns foram: hipertensão arterial (28%), ósteo-articulares (coluna, 19%), e depressão (11%).

Hipertensão arterial

É interessante observar que a grande maioria (mais de 90% dos adultos entrevistados) relatou que tivera sua pressão arterial aferida por médicos, enfermeiros ou agentes comunitários de saúde, e que a maioria foi examinada há menos de 6 meses, com percentuais similares nos três estratos amostrais.

A prevalência de hipertensão arterial, referida pelos entrevistados com base na aferição da pressão arterial por profissionais de saúde (médicos, enfermeiros e Agentes Comunitários de Saúde), alcançou 34%, entre os quais 3% ocorreu durante a gravidez, o que leva a conclusão de que a doença hipertensiva representa um importante problema de saúde coletiva em todo o Estado.

No tocante aos cuidados com o grupo de pessoas que tiveram sua condição de hipertensão arterial confirmada em duas consultas, 95% haviam recebido orientação para reduzir o sal nas preparações alimentares, enquanto três quartos receberam prescrições medicamentosas para controle do problema, porém cerca de 70% estavam usando remédio para este fim.

Colesterol

Pouco mais da metade das pessoas já haviam se submetido a exames bioquímicos para determinação dos níveis de colesterol sanguíneo, com ampla predominância dos adultos das áreas urbanas. Segundo suas informações, 12% apresentavam hipercolesterolemia, com um risco relativo quase três vezes maior na RMR (16%) em comparação com a amostra do meio rural (5%). A grande maioria dos casos (87%) havia recebido orientação de cuidados dietéticos, mas menos de 1/3 seguiam regularmente as instruções prescritas.

Ao se considerar as avaliações laboratoriais diretas e imediatas realizadas pelo inquérito de campo constata-se que 36% dos examinados apresentavam níveis de colesterol iguais ou acima de 200 mg/dL, caracterizando, assim uma situação de vulnerabilidade em função da hipercolesterolemia (16% com níveis ≥ 240mg/dL).

Triglicerídeos

Mais de 1/3 das pessoas no Estado (40%) fizeram determinações laboratoriais de triglicerídeos, na RMR 52% e apenas 19% na zona rural. Segundo os entrevistados, cerca de 5% apresentavam níveis elevados de triglicerídeos, com prevalência máxima de 8% na RMR e mínima de 2% na zona rural. A grande maioria dos casos foi orientada para observar cuidados dietoterápicos e, raramente (2% no Estado) tomavam medicação para controle de dislipidemia.

Os resultados das provas diretas efetuadas no presente inquérito são substancialmente superiores daqueles referidos, desde que 19% apresentavam valores aumentados de triglicerídeos (≥200mg/dL), enquanto 68% se encontravam na faixa aceitável (≤150mg/dl). Trata-se, portanto, da indicação de um problema emergente e muito preocupante.

Glicemia

A exemplo do colesterol, mais da metade das pessoas haviam realizado provas laboratoriais para avaliação de níveis glicêmicos. De forma análoga, 4% das pessoas tinham diagnóstico prévio de diabetes, enquanto os resultados do inquérito de campo revelaram uma prevalência de 16%. A maioria dos adultos previamente informados de sua condição de diabéticos havia sido orientada quanto à observância de cuidados dietéticos, no entanto apenas 37% seguiam as recomendações regularmente. Já nos casos de prescrições farmacológicas, o percentual de cumprimento do plano medicamentoso foi bem maior (68%).

Câncer de mama e colo

Mesmo na zona rural do Estado, mais da metade das mulheres (56%) declararam que haviam realizado auto-exame para detecção precoce de câncer de mama, sendo que a maioria declarou efetuar a verificação pelo menos uma vez por mês. Provas de imagens (mamografia) foram relatadas por 23% das mulheres na RMR e apenas 7% na zona rural.

No que se refere aos cuidados preventivos do câncer de colo de útero, a ocorrência foi bem mais significativa, atingindo 87% em nível estadual e chegando a 94% na RMR. A rede de serviços do Sistema Único de Saúde (SUS) foi o principal recurso utilizado para prover este atendimento. Cerca de 5% das mulheres haviam se submetido a intervenções cirúrgicas no aparelho reprodutivo, consistindo, a maioria dos casos, na remoção simultânea do útero e ovário.

Câncer de próstata

Em relação aos cuidados com o câncer de próstata em homens com 50 e mais anos de idade, apenas 24% dos pesquisados informaram que faziam um exame clínico anual para detecção de riscos correlatos, com maior prevalência (39%) na RMR e apenas 10% na amostra rural. Na sua grande maioria, os homens não se submetiam a exames exploratórios ou confirmatórios por considerá-los desnecessários.